segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Saindo dos castelos para Reinar


“Esta é a história de Neemias, filho de Hacalias. No mês de quisleu, no ano vinte do reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, eu, que me chamo Neemias, estava em Susã, a capital do país. Hanani, um dos meus irmãos, chegou de Judá com um grupo de outros judeus. Então eu pedi notícias da cidade de Jerusalém e dos judeus que haviam voltado do cativeiro na Babilônia. Eles me contaram que aqueles que não tinham morrido e haviam voltado para a província de Judá estavam passando por grandes dificuldades. Contaram também que os estrangeiros que moravam ali por perto os desprezavam. Disseram, finalmente, que as muralhas de Jerusalém ainda estavam caídas e que os portões que haviam sido queimados ainda não tinham sido consertados. Quando ouvi isso, eu me sentei e chorei. Durante alguns dias, eu fiquei chorando e não comi nada. Ne 1:1 a 4
O que vou contar aconteceu quatro meses mais tarde, no vigésimo ano do reinado de Artaxerxes. Um dia, quando o rei estava jantando, eu peguei vinho e o servi. O rei nunca me havia visto triste. Ne 2:1”
CHAMADO PARA REINAR
Todos nós temos um chamado de Deus. Indiscutivelmente Deus não nos colocou nessa terra sem propósitos ou sem escolhas. A diferença na vida de cada um é o quanto se dispõe para cumprir o seu chamado.
Neemias foi o homem chamado por Deus para reconstruir os muros de Jerusalém após o exílio babilônico, cerca de noventa anos após a volta de Zorobabel, setenta anos após a reconstrução do Templo e 12 anos após a volta de Esdras a Jerusalém.
Sua história começa por volta do ano 440 a.C e nesta época Neemias era o copeiro do rei Artaxerxes. Ele vivia no palácio, assim, tinha todos os confortos de que um homem de confiança do rei poderia ter. Ele era o primeiro a comer a comida real, estava sempre próximo ao Rei, seu trabalho lhe dava de certa forma, um grande conforto apesar de Neemias ser um escravo.
Neemias gostava do conforto. Seu próprio nome significa “Nəḥemya” "conforto de (ou "confortado por") Deus (YHWH)"). O palácio lhe dava conforto, seu nome lhe dava conforto, sua vida, parecia andar alheia aos acontecimentos em Jerusalém. Aliás, Neemias por várias vezes pode ter tido oportunidade de voltar para Jerusalém, sua terra natal, mas pelo que parece, era mais confortável permanecer no castelo do que ir para uma cidade assolada.

Quando Neemias ouviu o chamado de Deus para reconstruir os muros de Jerusalém seu coração se angustiou de tal forma que ele chorou por vários dias e sua alma se abateu de tal maneira que chegou ao ponto de não conseguir mais esconder do Rei o que se passava em seu coração. Neemias sabia que para cumprir o seu chamado ele teria que sair do castelo onde ele tinha todo seu conforto e sua segurança. Essa angústia se estendeu por quatro longos meses até que ele não resistiu mais ao chamado e decidiu ouvir a voz de Deus.

Nós não somos diferentes. Como é bom estarmos na nossa zona de conforto. Muitas vezes estamos vivendo como escravos no mundo, mas nos sentimos confortáveis com as circunstâncias. Talvez, se tivermos que agir para mudar as situações a nossa volta nos trará muito trabalho e nos tirará o conforto. Mas os planos de Deus para nós sempre são maiores e muitas vezes para cumprirmos nosso chamado precisamos abandonar nossos castelos para reinar.




O CASTELO DAS COISAS
O primeiro castelo que precisamos abandonar para podermos ser usados por Deus e sermos levados a cumprir nosso chamado é o castelo das coisas.
Este castelo representa todo lado material da nossa vida. A casa, o carro, o dinheiro, o emprego, etc. Tudo que muitas vezes se transforma em um tesouro tão grande e em um castelo tão confortável que não conseguimos mais abrir mão para que Deus tenha livre acesso à nossa vida.
“Jesus olhou para ele com amor e disse: - Falta mais uma coisa para você fazer: vá, venda tudo o que tem e dê o dinheiro aos pobres e assim você terá riquezas no céu. Depois venha e me siga. Quando o homem ouviu isso, fechou a cara; e, porque era muito rico, foi embora triste.” Mc 10:21 e 22.
Se quisermos cumprir o chamado que Deus nos fez e realmente reinarmos em vida precisamos entender que nesta terra não somos donos de nada. Nada do que temos é nosso. Tudo o que nos vem à mão, todo sustento e suprimento é de Deus. Ele apenas nos confia essas coisas para que possamos desfrutar do melhor da terra.
Se forem humildes e me obedecerem, vocês comerão das coisas boas que a terra produz.” Is 1:19.
A prosperidade não vem do trabalho e sim da obediência a Deus. A bíblia é muito clara quando nos diz que do suor do nosso rosto a única coisa que podemos desfrutar é do pão de cada dia. E mesmo trabalhando ainda é necessário orar para que o pão nosso de cada dia nos seja dado.
Quando somos obedientes a Deus, as bênçãos Dele nos alcançam. Jesus disse para não nos preocuparmos com o que havemos comer, beber ou nos vestir, pois o Senhor nos daria todas essas coisas.
Então Jesus disse aos seus discípulos: - É por isso que eu digo a vocês: não se preocupem com a comida que precisam para viver nem com a roupa que precisam para se vestir. Pois a vida é mais importante do que a comida, e o corpo é mais importante do que as roupas.” Lc 12.22,23.
Sair do castelo das coisas não significa viver na miséria ou se contentar com a pobreza, e sim desfrutar do melhor de Deus para nós, tendo no nosso coração o desprendimento dos bens materiais e vivendo como mordomos de Deus. Como diz o Apóstolo Paulo: “Às vezes ficamos tristes, outras vezes ficamos alegres. Parecemos pobres, mas enriquecemos muitas pessoas. Parece que não temos nada, mas na verdade possuímos tudo. (2 Co 6.10)



O CASTELO DAS EMOÇÕES
Abandonar o castelo das coisas nos faz entrar literalmente na dependência de Deus quanto ao nosso sustento e suprimento, mas muitas vezes um castelo muito mais confortável do que este nos chama a atenção e nos prende a fim de que não caminhemos para a conquista. Esse castelo chama-se “Castelo das Emoções”.
Nossas emoções são fatores essenciais nas nossas decisões. Tudo o que vamos decidir na vida está ligado à um tipo de sentimento ou emoção.
A dúvida, a certeza, o medo, a angústia, a timidez, a raiva, a tristeza, nossas emoções nos influenciam de tal forma que elas podem nos impulsionar ou nos travar. Podem nos fazer crescer ou nos paralisar por toda a vida.
Todos os limites que nos são impostos na vida são ativados nas nossas emoções.
Não tendes limites em nós; mas estais limitados em vossos próprios sentimentos.” 2 Co 6:12
Somos limitados pelo que pensamos, pelo que ouvimos, pelo que vemos, pelo sentimos, pelo que falamos, pelo que pensamos e pelo que lembramos.
O que ativa nossas emoções são os nossos sentidos.
Muitas pessoas são limitadas para falar porque foram envergonhados em público e aquele sentimento ainda se faz presente nas suas vidas de tal forma que estar na frente de pessoas para apresentar um trabalho ou participar de uma entrevista para um emprego se torna a pior tortura de sua vida.
Várias pessoas não conseguem formar uma família porque um dia passaram por uma decepção amorosa e aquela emoção ainda está tão presente nas suas vidas, aquele sentimento de perda, abandono, desprezo, e a dor ainda são tão reais que não conseguem mais se entregar a um novo amor ou a dar uma chance para reconstruir a própria vida.
Muitas pessoas vivem angustiadas, depressivas, sozinhas e muitas sem esperança, porque já se sentem confortáveis nesse castelo de emoções construído ao redor de sentimentos e lembranças tão profundas que parece ser melhor não tocar mais no assunto ou fazer de conta que esqueceu o passado e dizer que não se preocupa com o futuro.
Deus nos fez pessoas ilimitadas. Não nascemos com medo, não nascemos tristes, não nascemos angustiadas, muito menos preocupadas.
Se não sairmos do nosso castelo de emoções, nunca conheceremos o melhor de Deus.
Ninguém é capaz de conhecer verdadeiramente a Deus se estiver com medo do próximo passo que Deus vai pedir que seja dado.
Muitos passam a vida toda sem conhecer os verdadeiros propósitos de Deus por ter ouvido histórias de pessoas que fracassaram e por isso sentem medo de fracassarem também. Parece que para essas pessoas é melhor nunca tentar do que correr o risco de não conseguir.
Só se sai do castelo das emoções pela fé.
A fé não se baseia nos sentimentos, pelo contrário, muitas vezes a fé é contrária a todo tipo de sentimento.
A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver. Hb 11:1
A fé é algo tão forte que é capaz de nos tirar do nosso castelo de emoções. E quando saímos desse castelo somos capazes de viver coisas tão extraordinárias através dela que muitas vezes são maiores até que do que esperamos.
A fé nos faz receber além do que pedimos ou pensamos. “E agora, que a glória seja dada a Deus, o qual, por meio do seu poder que age em nós, pode fazer muito mais do que nós pedimos ou até pensamos!” Ef 3:20
Enquanto estamos no nosso castelo de emoções não conseguimos mensurar quantas coisas Deus preparou para nós, mas ao sairmos desse castelo nos libertamos para realizarmos as obras maiores que Deus nos prometeu.

O CASTELO DOS SONHOS
O último castelo a ser abandonado é o castelo dos sonhos. Esse castelo está ligado diretamente ao nosso livre arbítrio.
Abandonar nossa vontade pra viver a vontade de Deus é ir além da obediência e chegar ao prazer de servir ao senhor.
Muitas pessoas são obedientes, mas são murmuradoras. Muitos fazem o que Deus manda pra depois “jogar na cara” de Deus o que estão fazendo e cobrar a sua bênção.
Muitas pessoas começam a seguir a Deus e depois ficam reclamando que deixaram tudo por causa do chamado, que poderiam estar em uma situação muito melhor, que poderiam estar fazendo outras coisas, como se Deus não seria Deus se não fossem eles.
Abandonar o castelo dos sonhos é viver a vida de Deus como se fosse a sua vida.
Quem ama a sua vida não terá a vida verdadeira; mas quem não se apega à sua vida, neste mundo, ganhará para sempre a vida verdadeira.” Jo 12:25
A pessoa que sai desse castelo não considera mais as outras opções que teria para sua vida, simplesmente acredita que o que o que Deus tem para si é o melhor.
O castelo dos sonhos é o último e mais difícil de abandonar. Exige uma entrega verdadeira, sem reservas.
Não sabemos quais eram os sonhos, os desejos, as vontades de Neemias, mas sabemos que a atitude que ele tomou que o fez sair desse castelo foi orar e jejuar.
Ouve agora a minha oração e as orações de todos os outros teus servosque têm prazer em te adorar. Faze com que eu tenha sucesso hoje e que o rei seja bondoso comigo. Nesse tempo eu estava encarregado de servir vinho ao rei.” Ne 1:11 (Grifo meu)
Neemias conseguiu chegar ao ponto de se entregar a Deus por prazer.
Servir a Deus não pode ser tido como uma obrigação e sim como prazer.
Quando estamos no castelo dos sonhos servir a Deus e cumprir seu chamado parece ser um peso, uma obrigação, um fardo que temos que carregar, mas quando saímos desse castelo o prazer de servir a Deus é tão grande que nenhuma tarefa se torna difícil, nenhum chamado parece impossível e a conquista chega apressadamente.

Neemias recebeu seu chamado enquanto estava na sua zona de conforto e vivia seus melhores dias, mas o chamado de Deus para ele, era para que fosse realizada uma obra muito maior para marcar a história de um povo.
Talvez você esteja vivendo hoje em castelos muito confortáveis e nem pense em sair. Mas se Deus está te chamando, obedeça, aceite o desafio, não perca tempo refugiado nos seus castelos de coisas, emoções e sonhos. Saia dos seus castelos para reinar em vida!

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